2018: Rumo a mais dependências – Vitória Silva

A Região Autónoma dos Açores,com cerca de 246746 habitantes (Censos, 2011), apresenta-se,em 2018,como a Região do país que mais comportamentos aditivos e dependências exibe, tendo em conta o Relatório Anual das Respostas e Intervenções em matéria de Drogas, Toxicodependência e Álcool,disseminado na Assembleia da República a 7 de fevereiro do presente ano.

Deste modo, revela-se pelas piores razões, o protagonismo do Governo Regional dos Açores, isto como consequência da sua falta de responsabilidade e incapacidade para implementar uma estratégia regional que deve ser delineada para combater tais comportamentos, visto que estes afetam em muito a população açoriana, sobretudo a população mais jovem e que serão o futuro nossa região.

Têm sido vários os alertas e denuncias sobre o leque de consequências que as dependências acarretam à população, como também, no que diz respeito à prevenção e ao combate à toxicodependência. Nisto, o executivo regional continua permanentemente a virar a cara e a ignorar tais consequências visíveis na ultima década.

Para tudo isto, não basta redigir um documento e apresentar uma proposta de estratégia, mas sim, aplicá-la e colocar em prática para que seja o início de um ciclo menos vicioso do que tem sido nos últimos anos, sendo crucial definir os objetivos a prazo e ao fim de cada etapa avaliar, prestar contas do alcançado e adaptar medidas a longo prazo para uma estratégia de maior eficácia.

Neste seguimento recordo que para o executivo, a Direção Regional de Prevenção e Combate às Dependências (DRPCD) iniciou a sua atividade no XII Governo, tendo como principal objetivo, a Promoção da Saúde e Estilos de Vida Saudável e a Prevenção e Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências (CAD). Ora na realidade, a DRPCD não iniciou o desenvolvimento do seu trabalho e atividade no XII Governo dos Açores, tal como está explicito no portal do Governo, isto porque a mesma foi extinta por um período e reiniciou a sua atividade em 2016.

Este facto demonstra uma falta de perspetiva que acaba por ser o braço direito deste executivo e de muitos anteriores socialistas, pois quando,evidentemente,os valores já eram negativos e pouco animadores, decidiram extinguir a DRPCD, para passados 4 anos de governação voltar a integrá-la.

Durante este período de omissão, as instituições dedicadas à prevenção e ao combate às dependências continuaram a fazer o seu trabalho, mas com a falta de um planeamento e estratégia regional que levaram os Açores a liderar o consumo de estupefacientes, tal como anunciado nos recentes dados que foram apresentados.

Desta forma, não podemos ser cúmplices desta postura, quando em causa está um flagelo da nossa sociedade açoriana, sobretudo com a juventude que se está a deixar cair pelas dependências e que em causa está o seu futuro.

A prevenção deve ser feita precocemente e isto passará por existir uma saúde escolar nos Açores que seja toda ela estruturada, isto para que a mesma possa atuar adequadamente junto de todos os alunos que frequentam as escolas açorianas. A Juventude Social Democrata dos Açores já o vem defendendo há muito tempo sendo, inclusive, uma bandeira do actual mandato.

A Diretora Regional referiu a existência de uma cobertura total das equipas de saúde escolar, desde a pré-escola até ao secundário, mas para tal acontecer é necessário que existamequipas de saúde escolar com uma cobertura total nas nossas escolas, o que na realidade não acontece, porque sem recursos humanos e materiais é impossível prevenir e realizar uma educação para a saúde apropriada a todos os alunos. Os “100%” da Sr. Diretora não são conhecidos em todos os concelhos, talvez para os conseguir tenha suprimido alguns deles, os que não interessavam nas contas.

Assim, o Governo deve assumir as suas responsabilidades com as situações negativas e apresentar uma estratégia bem delineada para esta seja aplicada a nível regional.

A oposição governativa terá de ser cooperativa e ter um papel firme junto do executivo regional, para que assim seja realizado um trabalho árduo, tendo em conta os resultados negativos que são de conhecimento público e para que a evolução positiva da situação seja planeada, desenvolvida e, posteriormente, visível a longo prazo.

Vitória Silva é vice-presidente da JSD/Açores desde 2017