Da mui nobre Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, chegou-nos, pelo Exmo. Vice-Presidente do Governo Regional, a magnânima notícia da abertura de 762 vagas na Administração Pública. Pormenor (importante): as vagas serão abertas ao longo do ano de 2018 e destas 762 deverão ser deduzidas as vagas que já foram abertas, mas que o Exmo. Vice-Presidente do Governo incluiu no total apresentado. Quanto maior o número, melhor.
Desemprego nos Açores regista redução de 31 por cento em apenas dois anos, maio de 2016. Taxa de desemprego é a mais baixa dos últimos 5 anos, Agosto de 2016. Taxa de desemprego nos Açores é a mais baixa dos últimos cinco anos e meio, fevereiro de 2017. Desemprego nos Açores baixou para metade em três anos, maio de 2017. Desemprego regista em dezembro novo mínimo em seis anos nos Açores, janeiro de 2018.
Os títulos do portal do Governo dos Açores remetem para um cenário edílico. Então, o Exmo. Vice-Presidente é mesmo um visionário da estratégia de combate ao desemprego, tão dotado que rejeita qualquer contributo vindo de outra bancada parlamentar que não a sua, comandada por si. É com muito pesar que, infelizmente, não possamos partilhar da mesma visão. Ora, dos valores que, ao longo destes anos, vão sendo apresentados, não sabemos quantos são os açorianos inseridos em programas ocupacionais, não sabemos os números concretos de quantos são efetivamente contratados a longo prazo e fora dos esquemas de renova agora e depois. Exmo. Vice-Presidente, valores tão positivos devem ser partilhados com uma explicação detalhada de V.ª Ex.ª, para que o possamos aplaudir e comungar do mesmo estado de graça. Poderá começar a fazê-lo apresentando os valores do desemprego jovem na Região, porque se, com a abertura das ditas 762 vagas, pretende o rejuvenescimento da função pública, seria muito importante podermos conhecer o estado atual nesta situação para, no final de 2018, o podermos congratular pelo impacto deste pacote de vagas, agora anunciado.
Exmo. Vice-Presidente, o Senhor, melhor do que outro açoriano, tem o dever de conhecer a realidade vivida na sua e nossa Região. Com 3 diferenças – há uma realidade que o Senhor conhece, há uma realidade que Senhor apregoa e, ainda, há a realidade sentida por todos os açorianos. Enquanto a estratégia de combate ao desemprego e ao desemprego jovem não for concertada unicamente assente numa realidade – aquela que verdadeiramente espelha o estado da Região – poderão vir mais 700 vagas de emprego que o problema persistirá camuflado pelas notícias que o Gabinete de Comunicação tutelado pelo Governo transmite, fundamentadas em percentagens dúbias.
Concorram, lutem e exijam melhores oportunidades. Também eu o farei.
Eunice Pinheiro Sousa é Secretária Geral da JSD/Açores desde 2017 e Conselheira Nacional da JSD