O combate à pobreza nos Açores é o caso típico do mentiroso que começa a acreditar na sua própria mentira. Tanto o Governo Regional repete esse seu objetivo, que os próprios começam a acreditar que estão mesmo empenhados nessa luta.
Nestes 23 anos, é mentira que nos Açores tenha, alguma vez, sido formulado o objetivo de combate à pobreza, pois se ela é o combustível que tem ateado maiorias absolutas ao Partido Socialista, porque raio é que os próprios iriam esgotar essa fonte de votos?
A pobreza é a responsável pela dependência generalizada do povo Açoriano do assistencialismo público que tem sustentado o PS no poder durante todos estes anos, para desgraça desta região.
É com o fim desse assistencialismo que o PS acena todos os actos eleitorais. É com esse fim que o PS assusta os Açorianos, quando as suas próprias pernas começam a tremer, da mera possibilidade de perder o poder.
Quantas vezes o nome do PSD foi invocado para justificar a necessidade de votar PS, porque “se eles ganham, vão acabar com os programas e com o cheque pequenino”? E este é apenas um exemplo do abuso desmedido e desavergonhado da pobreza, que os próprios alimentam.
O Partido Socialista não se inibe de lembrar, frequentemente, aqueles que se encontram ocupados num programa qualquer (que não é um emprego) que foram eles que o arranjaram. É a lembrança de um favor feito, para ser cobrado na hora do depósito do voto na urna.
O PSD, autor de uma das melhores medidas de criação de emprego alguma vez formulada nestas nove ilhas – o Programa Gerações, defensor do trabalho com estabilidade para jovens e menos jovens e um partido que tem lutado contra esse espírito assistencialista, com armas desiguais, é diabolizado na boca do Partido Socialista.
O cumprimento das funções de apoio aos cidadãos em situação de desemprego, de doença, de incapacidade ou de pobreza faz parte da matriz social-democrata Portuguesa. Arrisco-me a dizer que está no ADN do PSD, mas não pela via da dependência…
Os cidadãos não devem estar dependentes de se manterem de mão estendida ao poder para conseguirem sobreviver. O estado, neste caso, o Açoriano, é responsável por garantir que os cidadãos tem as suas necessidades atendidas, mas não por via de um favor.
Um cidadão, que recebe ajuda do governo regional, não recebe um favor. Não tem de jurar lealdade a esse poder. O estado não faz mais do que a sua obrigação.
Por tudo isto, os desejos de erradicar a pobreza, ainda este fim-de-semana, manchete num jornal regional, não passam de uma mentira. No dia em que o assistencialismo público terminar, termina também o reinado socialista nos Açores.