Se nos perguntassem há um ano se imaginávamos tudo aquilo que estamos a viver, dificilmente alguém conseguiria adivinhar. Aprendemos sobre pandemias nos livros de história, na escola, e ouvimos falar de outras tantas doenças infeciosas nos media, pensando sempre que estão do outro lado do globo e que somos “imunes” às mesmas. Mas, desta vez, tocou o mundo inteiro e os Açores não foram exceção. De forma relativamente abrupta, vimos as nossas vidas condicionadas e tivemos que assumir um conjunto de mudanças inevitáveis, em prol da nossa saúde.
Se esta situação é difícil para todos, ser jovem açoriano em tempo de pandemia tem as suas particularidades e fragilidades. Os jovens dos nossos 9 “pedacinhos de céu” tiveram que aceitar, mais do que nunca, o peso que carregamos por estarmos inevitavelmente separados pelo mar. Os jovens açorianos viram a sua vinda para casa dificultada, adiaram objetivos e aceitaram a impossibilidade de concretização de sonhos.
Na incerteza de como reagiria perante tais situações, houve sempre um pensamento que me surgiu – é que se ser jovem açoriano em tempo de pandemia tem as suas particularidades e fragilidades, também tem as suas potencialidades. É que o mesmo mar de saudade que nos separa é, também e desde sempre, aquele que nos engrandece enquanto povo açoriano. É a insularidade e todas as suas condicionantes que fazem de nós um povo “rijo” que sobreviveu, ao longo da história, aos maiores imprevistos possíveis. A isto chama-se resiliência – a capacidade de “dar a volta” e de transformar a adversidade em algo positivo e construtivo. É aceitar a mudança e, com ela, crescer emocionalmente. Arriscar-me-ia a dizer que ser jovem açoriano é ser resiliente, desde sempre e para sempre.