Covid-19, a estrela mundial – Vitória Silva

A Covid-19 chegou aos poucos a todo o mundo de uma forma exponencial, sem dar tréguas a qualquer preparação necessária.

Em Portugal, e como bom cidadão português, “isso nunca mais chega cá” pensámos alguns de nós e pensou a digníssima Diretora Geral da Saúde, fazendo-nos acreditar nisso. “Não há́ grande probabilidade de um vírus destes chegar a Portugal”, acabou por referir.

Desta forma, e sem rodeios, o Covid-19 mostrou-se contra as palavras da digníssima e entrou pela Nação Valente, pela região Norte de Portugal, sem pagar passagem aérea ou portagem. Isso fica para quem vier a seguir, à típico Português, não fossemos nós especialistas em mandar para o que vier a seguir.

As mudanças que foram surgindo no quotidiano da população causaram um impacto recetivo e consciente do que acarretava a responsabilidade cívica na comunidade. Nós todos tínhamos uma extensa liberdade antes de vir agora este Covid-19, armado em vírus. Aprendemos a viver com ele. Agora é uma estrela mundial, ao qual os melhores têm de aprender a lidar e tocar nele.

Para a batalha, os soldados chamados profissionais de saúde, foram em frente e sem recuos às mudanças, que foram inúmeras. Foram a uma velocidade constante, não só́ de dia para dia, mas de hora a hora, minuto a minuto, sem qualquer previsibilidade. A capacidade de adaptação e resiliência foi e tem sido constante, estamos perante um vírus que é uma novidade no mercado mundial.

Os planos de contingência começaram a surgir em cima do joelho. Muitos deles nem tinham qualquer contributo de quem realmente transpira pelos corredores dos Hospitais e Unidades de Saúde; de quem coloca as mãos na massa, diariamente, com uma força interminável; de quem, no fundo, ninguém liga nenhuma, até o cerco começar a apertar.

Profissionais esses designados como profissionais de saúde. Se bem se lembram, aqueles que ainda há uns meses atrás reivindicavam por melhor condições de trabalho e que estão no pódio do burnout. Esses são os mesmos que lidam com a agressividade dos utentes/clientes e que a comunicação social se lembrou de noticiar, também há uns meses atrás…

Memória curta? Continuará a população e os nossos governantes com a mesma memória curta perante estes profissionais, quando a pandemia acalmar? Daqui a uns meses teremos resultados a essas questões, em jeito de reflexão.

Se o nosso sistema de saúde aguenta este barco e o rema contra a maré, aos profissionais de saúde se deve. Independentemente do salário, das condições de trabalho ou da falta de material, a superação destes profissionais é inabalável. Por exemplo, de um dia para o outro vemos erguidos Hospitais de Campanha ou Áreas Dedicadas ao Covid-19 em funcionamento, para que assim a melhor resposta à população possa ser prestada, e de forma segura. Em primeiro está a prestação de cuidados, depois advém o resto e é esse o pensamento.

Hoje, a nossa sociedade enfrenta diversas adversidades acarretadas pela pandemia.

Muitos dos empresários enfrentam inúmeras dificuldades económicas, onde todos os dias na agenda diária destes empresários, há encontro marcado com a reinvenção económica, como forma de sustentabilidade das suas empresas.

Para que a retoma da economia seja efetuada em segurança é necessário respeito e civismo por parte de todos, a quando do regresso à normalidade anormal. O mundo nunca mais será o mesmo, após a pandemia que nos foi agredindo ao longo destes últimos meses. Vamos ter de saber lidar e viver com esta virose no currículo.

 

Vitória Silva
Vice-presidente coordenadora da JSD Açores
Enfermeira